O trabalho desenvolvido pelo Consórcio Intermunicipal da Rede de Saúde de Urgência e Emergência do Leste de Minas (Consurge) é de extrema importância, uma vez que é por meio dele que são gerenciados os atendimentos do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). E, neste 1º de abril, data conhecida nacionalmente como o Dia da Mentira, os profissionais chamam a atenção da população para os trotes, que aumentam na data.
Segundo Aílton Alves, tenente do Corpo de Bombeiros, além dos prejuízos financeiros gerados pelos trotes, com o deslocamento do carro de emergência, a brincadeira de mau gosto ocupa uma equipe que poderia estar atendendo a uma ocorrência real.
“Depois que a ocorrência passa pela triagem e chega ao sistema, uma equipe é enviada para o local informado. Caso essa ocorrência seja um trote, além de ocupar uma equipe com informações falsas, o comportamento coloca em risco a vida de pessoas que realmente precisam de atendimento rápido e também dos militares, que se locomovem de forma mais rápida, uma vez que vidas podem estar em perigo”, explicou.
Além disso, segundo Aílton, não só crianças, mas adultos também passam trotes, tanto para o Samu quanto para o Corpo de Bombeiros ou para a polícia. Por isso, campanhas voltadas para a conscientização da população são sempre necessárias.
O enfermeiro e coordenador do Núcleo de Educação Permanente do Samu, Heverton Nunes, disse que, comparado com outros anos, o número de trotes caiu, mas o índice ainda chama a atenção.
“De alguns anos para cá os números caíram, mas ainda tem o que melhorar. No ano de 2021 o Samu recebeu 26.145 chamados; destes, 5.276 eram trotes. Neste ano, só nos primeiros três meses, 7.700 notificações foram registradas; destas, 2.423 eram trotes. Por isso temos trabalhado com a população. Conscientização por meio de assistentes sociais, palestras nas escolas e propagandas, para que as pessoas se atentem aos prejuízos e riscos que essa brincadeira de mau gosto pode trazer.”
Em entrevista ao Diário do Rio Doce, a psicóloga Eliza Braga explicou que existem dois tipos de mentiras. “É interessante a gente perceber que a mentira está presente no nosso cotidiano. Geralmente, é uma mentira social, em que as pessoas omitem parte de uma informação para evitar causar algum tipo de constrangimento ou sofrimento, como fingir gostar de um corte de cabelo. Mas existe também aquela mentira no intuito de manipular, como o trote, por exemplo. Geralmente, esse trote é uma informação falsa em que uma história é inventada para manipular um comportamento de maneira específica”, disse.
De acordo com a psicóloga, um ótimo exemplo de como a mentira pode ser prejudicial é mentir no currículo. Uma situação que pode prejudicar a contratação do funcionário bem como prejudicar a própria empresa, que acaba perdendo tempo, confiando que está contratando alguém qualificado.