No Dia do Estudante, universitários falam sobre as dificuldades e perdas enfrentadas em decorrência da pandemia
Pelo segundo ano, o Dia do Estudante é marcado por mudanças causadas pela pandemia da covid-19. No ano passado, universitários de todo o Brasil precisaram se adaptar para enfrentar os desafios vindos com a adoção da educação à distância. Agora, a adaptação é com o ensino híbrido, também desconhecido pela maioria dos estudantes.
As aulas, que antes eram totalmente presenciais, passaram a ser 100% online, com provas, trabalhos e apresentações virtuais. Nos últimos meses, a edução passou a acontecer de forma híbrida (parte presencial e parte online), trazendo mais um desafio aos estudantes, que continuam enfrentando as mudanças na rotina, dificuldades de concentração e as novas tecnologias.
Brenda Stheffany Silva, de 18 anos, iniciou a faculdade de Direito no primeiro semestre de 2020 e contou que, além de as aulas online dificultarem a interação, ela perdeu todo o seu semestre como caloura na universidade, que é um momento muito esperado pelos novos universitários. “Eu esperava ter um contato e uma aproximação maior com as pessoas da minha sala, mas não fiz muitas amizades e os trabalhos em grupo se tornam mais complicados. Perdemos muito, não tivemos recepção ou festas, como todo calouro tem.”
Mesmo com as perdas, Brenda está ansiosa para o retorno das aulas presenciais e conta que o Dia do Estudante tem mais significado para ela agora. “Por estar distante do convívio estudantil, no ano passado esse dia foi ‘insignificante’, mas agora me sinto realmente uma estudante e estou feliz em comemorar este dia. Para o restante da graduação, espero me envolver mais no curso em si e no que ele proporciona.”
Letícia Viana Macedo, de 19 anos, também iniciou a faculdade durante a pandemia. Segundo a estudante de Medicina Veterinária, a falta de contato direto com a turma dificulta o desempenho. “É bem mais difícil focar quando se está em casa e sem contato direto com o professor. Estou ansiosa para conhecer todos. Seria muito bom fazer grupos de estudos, trabalhos e provas presencialmente; sem dúvida, ficariam mais bem desenvolvidos e apresentados. O ritmo é outro. Nem se compara!”
Para este ano, Letícia conta que está cheia de expectativas. “A diferença do Dia do Estudante deste ano é que estamos mais esperançosos. No ano passado eu me sentia uma estudante mais desmotivada com o ensino remoto. Com a vacinação e a diminuição no número de casos, as aulas vão voltando à forma presencial aos poucos e trazendo de volta aquele espírito universitário.”
Além dos calouros, os veteranos também sofreram com o ensino remoto. Marcella Maria Barbosa, de 22 anos, formou-se em Publicidade e Propaganda durante a pandemia e diz ter ficado chateada por não ter comemorado como sempre sonhou. “O final da graduação é recheado de um misto de sensações, toda aquela expectativa criada para aquele momento que seria único e especial. Esperei muito para tirar as fotos para o convite, fazer a colação com a presença de todas as pessoas especiais em minha vida e uma festa cheia e animada, que não puderam acontecer.”
Marcella pensou que a quarentena seria algo rápido e simples. “Depois de ver a proporção que as coisas foram tomando, fiquei com medo de tudo. Minha colação foi online. Fiquei arrasada, porque nos meus planos estaria rodeada de pessoas, abraços, carinhos, comemorações pós-cerimônia e, por fim, acabei em casa sozinha. Mas recebi muitas mensagens de carinho, que acalmaram meu coração”, revelou.
Para a recém-formada, o melhor presente neste Dia do Estudante é estar com saúde para poder recuperar o tempo perdido. “No fim, pudemos tirar uma lição valiosa: a vida é agora. Por mais que muitas coisas tenham sido canceladas lá atrás, ainda estamos aqui, e remarcaremos as fotos de formatura e a cerimônia presencial. Esse é o melhor presente. Muitas pessoas não terão essa oportunidade, porque possivelmente perderam a vida no meio do caminho”, refletiu.
Bárbara Cristina Brandão, de 21 anos, também não pôde comemorar sua formação em Jornalismo, mas está feliz por sua colação de grau, que acontecerá presencialmente. “A ficha foi caindo aos poucos. No fim, eu tive que aceitar que a realidade era concluir a graduação remotamente. Infelizmente, não deu pra fazer uma festa, o que é muito triste, porque esperei por isso durante toda a graduação, mas fico feliz porque ainda vou ter uma colação, mesmo com todas as restrições e medidas de segurança.”
Para Bárbara, este dia se resume a saudade. “Vou sentir saudade, mas com uma pontinha de tristeza de não poder ter aproveitado tanto a vida no campus, as festas universitárias e até mesmo a presença dos colegas e professores. Mas gosto de pensar que, quando tudo passar, vou poder criar oportunidades de ter pelo menos um gostinho disso tudo de novo”, finaliza.