Após a forte geada que causou estragos nas lavouras de Minas Gerais na última semana, os produtores rurais do estado devem se preparar para novos registros de baixas temperaturas e geadas a partir da próxima quarta-feira (28/7). De acordo com o alerta emitido pelo Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a onda de frio intenso afetará com mais intensidade as mesorregiões Sul de Minas, Triângulo Mineiro, centro/sul das regiões Central e Metropolitana, Oeste, Campo das Vertentes e Zona da Mata.
A previsão é que 541 municípios mineiros registrem de 10ºC até temperaturas negativas, com geadas moderadas a fortes. Os modelos meteorológicos de previsão de tempo apontam para a ocorrência de temperaturas negativas de forma generalizada no Sul de Minas e no Campo das Vertentes nas madrugadas dos dias 30 e 31/7, o que deve provocar geada de média a forte intensidade nessas mesorregiões.
“A geada também deve ser observada em áreas do Triângulo Mineiro e no sul das regiões Noroeste e Central entre os dias 29 e 31/7. O dia 29/7 será o mais seco no período deste aviso, aumentando a amplitude térmica e fazendo com que a madrugada de 30/7 seja a mais fria, com mínimas abaixo dos 7°C na mesorregião Metropolitana, inclusive na capital e na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nos dias 1 e 2/8, a circulação dos ventos volta a mudar para noroeste e haverá aumento gradativo das temperaturas do ar a partir do Centro/Oeste do estado”, aponta o aviso meteorológico do Simge.
Café
O assessor técnico especial em café da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Niwton Castro Moraes, explica que, neste ano, as geadas estão sendo mais drásticas e fugindo do comportamento habitual.
“Existe um conceito chamado linha de geada, que é uma linha imaginária que, na prática, nas regiões cafeeiras, é um ponto onde a geada causa um estrago maior. Entretanto, neste ano, mesmo os produtores que adotaram esse conhecimento científico e não plantaram nessas áreas, estão tendo problemas”, aponta o assessor técnico da Seapa.
Confira também o material elaborado por pesquisadores da Epamig e Embrapa, que explica porque as geadas ocorrem e traz recomendações para o levantamento dos danos e ações necessárias.
Reunião emergencial
Na última semana, a secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Ana Maria Valentini, viajou para Alfenas, no Sul do estado, juntamente com a ministra de Agricultura, Tereza Cristina, e diversas autoridades do setor, para participar de uma reunião de emergência para tratar de medidas de apoio para os produtores de café que tiveram as lavouras atingidas por uma forte geada.
pós o encontro, a secretária informou que o governo estadual irá fazer um levantamento da situação de cada lavoura atingida. “O Estado vai fazer um laudo bem detalhado e fidedigno do que o produtor está enfrentando, o que cada um perdeu e irá precisar”, afirmou Ana Valentini, que visitou lavouras comprometidas pela geada e fez um sobrevoo na região.
“Alguns perderam 100% da lavoura e outros tiveram uma parte afetada. Com o levantamento da Emater-MG e do Ministério da Agricultura, teremos um banco de dados que dará subsídios para encontrarmos políticas para ajudar os produtores a enfrentar esse momento tão difícil”, detalhou Valentini.
Tentativa de prevenção
O assessor técnico especial da Seapa, Niwton Castro Moraes, indica que, diante da previsão de novas geadas, há algumas medidas preventivas que podem ser adotadas, mas que são de difícil execução e têm efetividade limitada. “É algo muito trabalhoso e de pouco resultado. Para propriedades de pequeno porte, talvez, operacionalmente seja funcional, mas naquelas de grande porte é discutível”, aponta.
Ainda segundo Moraes, uma delas seria cobrir as mudas pequenas, que estão mais sujeitas a danos, com sacos plásticos ou de papel nas noites com expectativa de geada. “Tem que comprar centenas ou até milhares de sacolinhas e cobrir planta a planta, individualmente. Uma outra medida seria a irrigação por aspersão, pois a presença da água pode dificultar um pouco o congelamento da folha e diminuir o possível dano da geada”, completa Moraes.
Outra técnica que pode ser utilizada é a adubação seguida de irrigação, para que as plantas possam absorver o potássio e reduzir o ponto de congelamento. “Nas propriedades pequenas, é possível tombar as plantas mais novas, e ainda flexíveis, e cobri-las com terra nas noites com previsão de geada, desenterrando-as após as baixas temperaturas. Mas a efetividade e operacionalização dessas medidas são discutíveis”, argumenta.